Comunicação Interna e cultura organizacional: deixe as paredes por último

Jul 20, 2023

 

Quando recebemos a missão de comunicar a cultura, na verdade estamos falando da cultura desejada da organização, em função dos movimentos de transformação do negócio.

 

A cultura desejada é explicada por meio de uma lista de comportamentos que, quando vividos na prática, ajudam a entregar a estratégia. Ela resume como a organização deve tomar decisões (princípios inegociáveis) e como as pessoas devem interagir umas com as outras e com seus clientes/consumidores. 

 

A Comunicação Interna tem um papel crítico nos processos de transformação. Porém, não fazemos sozinhos o milagre da transformação. Contamos com o C-level, da liderança como um todo, e de Recursos Humanos para garantir a coerência entre o dizer e o fazer. 

 

O C-level e a liderança são responsáveis por tomar decisões que reforçam a cultura desejada e que ajudam a eliminar os obstáculos para que os comportamentos sejam vividos. Como disse o sábio Ben Horowitz, no título do seu best-seller, "Você é o que você faz: como criar a cultura da sua empresa” . Por exemplo, se comportamentos de inovação fizerem parte do movimento de transformação cultural, um massivo corte de custos não deve fazer parte das decisões imediatas. 

 

Já o time de recursos humanos fica responsável por ajustar todos os touchpoints  da experiência das pessoas colaboradoras, o EVP (Employer Value Proposition) e suas políticas e práticas à luz da cultura desejada. Além disso, a cultura também deve servir como base para a estratégia de learning da organização para garantir que as pessoas aprendam novos skills que facilitem e possibilitem a adoção da cultura desejada. 

 

Portanto, o C-level, a liderança e recursos humanos são responsáveis pela coerência entre o sonho e a realidade, entre a cultura desejada, e a vida como ela é. 

 

Voltando ao papel da Comunicação Interna, ficamos responsáveis por 4 Cs: Clareza, Contexto, Conexões, e Consistência. 

 

Utilizando a metodologia das Narrativas Estratégicas , conectamos, de forma clara, todas as mensagens da companhia. Narrativas contam a história e a razão por trás do movimento de transformação (história, propósito, visão estratégica, modelo de negócio, pilares estratégicos, cultura desejada e EVP). 


E para garantir contexto e consistência, comunicamos a cultura desejada e tudo o que a reforça por meio dos canais de comunicação. É superimportante lembrar que, nos processos de transformação, o canal que dá o ponto de partida é o C-Level, a Comunicação Executiva. CEO, VPs e Diretores devem desenvolver sua capacidade de comunicação e ter a narrativa na ponta da língua, para todas as reuniões com as equipes e nas mensagens e trocas do dia a dia.

 

 

Depois, é fundamental o envolvimento da liderança imediata para o desdobramento dessas mensagens, agregando o contexto dos times e promovendo interações. Em seguida, vem a hora de trabalhar os canais internos e campanhas para reforçar o que já foi dito por líderes de todos os níveis.

 

 

Nos canais, a narrativa estratégica deve ser um filtro, um critério para o que deve ser priorizado como notícia. A pauta tem a ver com o propósito ou com a estratégia? Reforça a cultura desejada? Se relaciona com a experiência de trabalho e impacta processos? Então é tema para as mídias internas. No mais, são altíssimas as chances de que a cultura vire só mais uma mensagem no meio de um mar de tantas outras que as equipes recebem no dia a dia, certo? Então, é preciso priorizar.

 

A comunicação interna pode, ainda, dar visibilidade às atitudes das pessoas que estão totalmente alinhadas com a cultura desejada, seja por meio de programas de reconhecimentos não-financeiros, seja contando histórias da cultura vivida na prática nos canais, campanhas e em outras oportunidades. O objetivo, no final, é reforçar os comportamentos que devem ser mantidos e desencorajar as pessoas de continuarem a fazer aquilo que não condiz mais com o momento e a construção do futuro da empresa.

 

É importante, no entanto, sempre ter em mente o que Horowitz diz em seu best-seller: "a empresa não é a declaração de missão, visão e valores listados na parede, não é o que diz ser nas reuniões. Não são as campanhas de marketing. Uma empresa é o que você faz".  

 

Comunicar cultura é muito mais do que promover campanhas ou estampar nos espaços físicos e digitais os comportamentos, princípios, valores, competência ou seja lá o que querem chamar a cultura desejada. 

 

É preciso fazer as conexões acontecerem , mostrando a todo tempo na mídia interna, por exemplo, exemplos claros do porque vale a pena se comportar como manda a cultura desejada. 

 

Portanto, mais poderoso, mais legítimo e infinitamente mais barato é mostrar o tempo todo o porquê das coisas e abusar da criatividade para dar vida e corpo ao que de fato é feito, para o que de fato é vivido como cultura. 

 

Já ouviu o velho clichê de que "cultura é algo que fica pendurado na parede"? Então, na hora de planejar a comunicação de cultura da sua empresa, esqueça as paredes! O que importa mesmo é o que se faz na prática. 

 


 

Portanto, mais poderoso, mais legítimo e infinitamente mais barato é mostrar o tempo todo o porquê das coisas e abusar da criatividade para dar vida e corpo ao que de fato é feito, para o que de fato é vivido como cultura. 

 

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